Três mulheres e uma decisão
Essa é a história de três mulheres que compartilhavam uma mesma casa: a sofrida, a segura e a levada. A sofrida, não suportando viver com suas dores, um belo dia decidiu mudar. É assim que inicia a história do livro bíblico de Rute, que revela o enredo de tantas outras mulheres.
Noemi, mulher temente a Deus, israelita da tribo de Efraim, morava em Belém de Judá com seu marido Elimeleque e seus dois filhos, Malom e Quiliom. A fome atingiu a região onde viviam, então eles se mudaram para Moabe, lugar onde o povo adorava outros deuses. Morreu Elimeleque, e Noemi ficou sozinha, com seus dois filhos. Eles se casaram com mulheres moabitas, uma chamada Orfa e a outra Rute. Depois de quase dez anos, morreram também seus filhos. Noemi sofria sem sua família em terra estrangeira. Mas um dia, sabendo que a fome na região de Belém tinha terminado, ela decidiu voltar com suas noras para sua terra.
Diante da dor, a sofrida avalia as circunstâncias e planeja uma mudança.
Noemi partiu com suas noras para Belém. Enquanto voltavam, ela se deu conta que Ofra e Noemi podiam decidir por outro caminho. Então, Noemi disse para elas:
Vão! Voltem para a casa de suas mães! Que o Senhor seja leal com vocês, como vocês foram leais com os falecidos e comigo. O Senhor conceda que cada uma de vocês encontre segurança no lar doutro marido (Rute 1:8,9)
Rute e Ofra choraram e decidiram continuar a viagem, porque elas não queriam ficar longe de Noemi.
Ainda não convencida da escolha delas, Noemi insistiu que elas avaliassem:
Voltem, minhas filhas! Por que viriam comigo? Poderia eu ainda ter filhos, que viessem a ser seus maridos? Voltem, minhas filhas! Vão! Estou velha demais para ter outro marido. E mesmo que eu pensasse que ainda há esperança para mim — ainda que eu me casasse esta noite e depois desse à luz filhos, iriam vocês esperar até que eles crescessem? Ficariam sem se casar à espera deles? De jeito nenhum minhas filhas! Para mim é mais amargo do que para vocês, pois a mão do Senhor voltou-se contra mim” Rute 1:11–13
Noemi questionava para fazer elas refletirem, mas ao mesmo tempo, ela também deu ordem: Voltem, sigam a vida de vocês.
Orfa primeiro agiu somente com o coração, não pensou sobre as motivações da sua decisão. Quando foi questionada sobre viver as consequências dessa escolha, ela desistiu de seguir e voltou para seu povo e para seu deus.
A levada é balançada como um vento quando não conhece suas motivações. É como um objeto em alto mar, conduzido pela correnteza. Entrega ao outro o poder da suas escolhas.
Rute decidiu permanecer com Noemi. Mas sua sogra, ainda não convencida sobre sua decisão, insistiu mais uma vez para ela voltar para seu povo, seguisse o exemplo da sua concunhada. Então Rute firmemente respondeu:
Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!
Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti” Rute 1:16,17
A escolha de Rute é consciente, sua decisão se manteve firme. Ela decidiu fazer do povo de sua sogra o seu povo, ela aceitou o Deus de Noemi como o seu Deus. Sua vida passada não mais importava, ela decidiu por uma nova vida, uma nova família. Não importava questionamentos, insistências para ela abandonar essa decisão.
A segura decide com motivações alinhadas à sua identidade. Ela não se prende ao passado, mas a quem ela é e quem ela deseja ser.
Noemi poderia ser reconhecida como segura, por ser tão decidida diante de uma oportunidade de mudança de vida. Mas sua amargura e sofrimento deixou feridas que a impedia de seguir confiante. Ao chegar em Belém, as mulheres perguntavam: “Será que é Noemi?”. Ela, amargurada, respondeu:
Não me chamem Noemi, chamem-me Mara, pois o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga! De mãos cheias eu parti; mas de mãos vazias o Senhor me trouxe de volta. Por que me chamam Noemi? O Senhor colocou-se contra mim! O Todo-poderoso me trouxe desgraça. Rute 1:20,21
A sofrida só consegue se tornar segura quando deixa o papel de vítima, elimina a culpa e segue confiante nos planos perfeitos do Senhor.
Talvez você, assim como eu, em algum momento da vida já se viu levada, sofrida ou segura. Não sei como você se sente agora, mas saiba que a segurança é o que Deus tem para sua vida. Deus deseja que você seja madura, não mais levada de um lado para outro pelas ondas, nem jogada para cá e para lá por todo vento (Efésios 4:14). Ele deseja te aperfeiçoar na dor, te tornar forte nas fraquezas. Enquanto houver dor, ore por cura. Enquanto houver culpa, ore por liberdade. O Senhor quer nos dar identidade firme e segura para caminhar sem olhar para trás. Ele é um Pai que se importa com cada lágrima e deseja transformar feridas em vida.
